Segunda-feira, 13 de março de 2017
Comprar e contratar serviços no município fortalece a Economia
Em todas as pesquisas de intenção de compra que a Associação Comercial e Industrial de Piracicaba (Acipi) realiza às vésperas de datas fortes - Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças e outras -, mais de 90% dos consumidores piracicabanos sinalizam o desejo de desembolsar dinheiro nas lojas locais. Esse é um sentimento positivo, avaliam o poder público, empresários e associações, pois ajuda a alavancar a Economia local, gerar renda e trabalho à comunidade.
De acordo com José Antônio de Godoy, vice-prefeito de Piracicaba e secretário municipal de Governo e Desenvolvimento Econômico, a Prefeitura entende que o estímulo do consumo em empresas da cidade, além de movimentar a Economia, também contribui para a geração de novas empresas.
"Desta forma, buscamos cada vez mais consolidar a cidade como polo regional de fornecimento de bens, produtos e serviços para toda região", afirma Godoy. "Os munícipes e empresários de Piracicaba devem entender que o consumo de bens produzidos ou comercializados na cidade contribui para a melhoria da arrecadação municipal com relação ao ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) e ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)", acrescenta.
Paulo Roberto Checoli, presidente da Acipi, conta que a entidade dissemina a ideia de consumo local, com o objetivo de conscientizar o piracicabano de que o Comércio e a prestação de serviços da cidade possuem tudo o que o consumidor precisa.
"Sempre que somos procurados pela imprensa, e em todos os nossos meios de comunicação institucionais, manifestamos que o piracicabano não mais precisa ir à capital, ou a outros centros comerciais, para fazer suas compras, pois a cidade possui uma diversidade incrível de produtos e serviços, e pode atendê-lo plenamente nas suas necessidades de consumo", diz o dirigente.
E nos momentos nos quais a Economia do país sofre um recuo, o consumo local se faz ainda mais importante, analisa Checoli, já que o comércio local, além de possibilitar a sobrevivência dos negócios comerciais da cidade, também contribui para a arrecadação do município e para a geração de emprego e renda.
Danieli Rosa, coordenadora de Marketing da rede de supermercados, também tem uma visão favorável em relação ao estímulo ao consumo local.
"O Supermercados Jaú Serve, presente em 14 cidades do Interior paulista, considera, sim, importante que os cidadãos consumam produtos e serviços das empresas presentes em suas próprias cidades para contribuir com o fortalecimento da Economia local. Isso porque, dessa forma, ele passa a atuar como um agente de desenvolvimento de sua cidade, contribuindo, por exemplo, com a geração de emprego e renda no município onde vive", avalia.
Maior customização
Segundo Margarete Gomes Antunes, diretora-comercial da empresa Tempero Certo (fornecedora de refeições coletivas), contratar empresas da mesma cidade possibilita uma maior customização nos serviços e na maneira de atender o cliente.
"Afinal o caminho para as soluções dos problemas, de qualquer natureza, se torna bem mais curto e rápido quando as negociações são realizadas pessoalmente. Um exemplo disto é a capacidade de adequação que oferecemos aos empresários neste tempo de crise, quando a maioria dos contratos precisa ser revisado e adaptado ao novo cenário da Economia e um atendimento personalizado foi e é mais eficiente", pondera a gestora.
Ações de incentivo
Roberto Chamma, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba, Saltinho e Rio das Pedras (Simespi), comenta que a entidade incentiva a comercialização entre as empresas da cidade, seja no setor industrial, comercial ou de serviços.
"É histórico que o parque fabril de Piracicaba é altamente eficiente. Isso comprova que temos potencial para abranger toda a cadeia, com níveis de qualidade internacionais", afirma Chamma. O mandatário do Simespi, contudo, frisa que há casos em que empresas associadas ao sindicato, e que atuam no mesmo setor, não se conhecem.
"Quando a comunicação é eficiente, a solução está mais perto do que se imagina. Um exemplo é o fornecimento de pequenos componentes industriais. Houve um tempo em que o empresário industrial dependia exclusivamente do fornecedor A ou B. Hoje, com a velocidade da troca de informações, é muito mais rápido e prático estabelecer uma parceria com uma empresa local", exemplifica.
Fazer negócios com parceiros locais traz benefícios como a praticidade, o impulso ao setor industrial da cidade e a oxigenação da Economia por meio da arrecadação de impostos e abertura de postos de trabalho, lista Chamma. Os ganhos, ele diz são gerais.
"Para as empresas, que aumentam a movimentação financeira; para os funcionários, que conseguem a manutenção de seus postos de trabalho; e para as entidades governamentais, que podem utilizar os recursos gerados pelos tribunos em investimentos na cidade", diz.
O secretário de Governo e Desenvolvimento Econômico lembra que a Prefeitura de Piracicaba tem, de forma geral, estimulado a vinda de novos negócios para o município, buscando aumentar a disponibilidade de bens, serviços gerados na cidade. "Por exemplo, a implantação, nos últimos anos, de novas redes de supermercados, hipermercados e atacados, bem como outros negócios", salienta Godoy.
O presidente da Acipi destaca que a entidade promove ações educativas, divulgação (na mídia) e campanhas promocionais (decoração, sorteios etc.) no sentido de fomentar o Comércio e fidelizar o consumidor nas principais datas comerciais.
"Assim, a entidade atua de forma a garantir um ciclo virtuoso de desenvolvimento, pois cumpre com sua missão de fortalecer o Comércio, a Indústria e prestação de Serviços da cidade, dá ao empresário a chance de se aproximar de seus clientes, atraindo-os para sua loja, e dá aos consumidores a chance de concorrer a prêmios por meio do preenchimento de cupons que são oferecidos nas compras efetivadas nos estabelecimentos participantes das ações", comenta.
Não pode ser uma 'obsessão'
É sempre interessante "adensar" a cadeira produtiva, avalia o economista Francisco Constantino Crocomo, 62 anos de idade, que é coordenador do Banco de Dados Sócioeconômicos da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).
Ele cita o exemplo do setor sucroalcooleiro no município, cuja presença se manifesta em diversas frentes: empresas especializadas desenvolvendo novas tecnologias, pesquisas específicas em relação à cana, mão-de-obra para a colheita e usinas de processamento de cana e açúcar.
"Isso causa o efeito chamado 'transbordamento', que é quando uma indústria ou um determinado segmento local gera a demanda de insumos para outras cidades e regiões", explica. Contudo, frisa o economista, o incentivo ao consumo local não pode ser uma obsessão.
"O mundo de muros da Idade Média já acabou, o que o Donald Trump está querendo fazer é um retrocesso, assim como a reserva de mercado. Aquele que pensa em só produzir para dentro, se isola", afirma Crocomo.
"É muito importante dar valor às coisas e aos valores daqui, mas nenhuma cidade é autossuficiente em tudo. Mesmo porque a troca é salutar. Acho legal o incentivo ao consumo local e o fato da cidade ter atrativos turísticos e comerciais, mas o sucesso da cadeia produtiva depende de variedade, qualidade e preço", declara o economista.
Fonte: http://www.gazetadepiracicaba.com.br/_conteudo/2017/03/canais/piracicaba_e_regiao/472165-lideres-defendem-o-consumo-interno.html